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Frase

“Não troco meu “Oxente” pelo “ok” de ninguém” – Ariano Suassuna

segunda-feira, 18 de julho de 2011

ENCONTREI DEUS NO POVO SOFRIDO

Quando tomava posse da Paróquia de Santa Cruz, no alto sertão paraibano, no ano de 2002, dizia para o povo e as autoridades presentes, que meu compromisso não era com a igreja pedra, com seus embelezamentos e atrativos, mas sim, com a Igreja povo, a Igreja gente, a Igreja sofredora, injustiçada, agredida nos seus direitos mais elementares. E assim, foi minha missão: lutar para que o povo de Deus, Igreja viva, vivesse com dignidade. Graças a Deus, procurei lutar não somente pelo povo católico, mas por todos os filhos de Deus, independentemente de confissão religiosa.

Durante minha permanência em Santa cruz e no Lastro, minha preocupação maior foi tão somente com o povo sofrido, injustiçado, agredido em seus direitos inalienáveis. Em nome da fé cristã, não em nome de uma ideologia político-partidária, tentei dar minha humilde parcela de contribuição na defesa dos filhos sofridos de Deus: “tenho pena deste povo, pois é como ovelhas sem pastor”, disse Jesus.

Foram nove anos de caminhada, e posso afirmar com muita propriedade, que encontrei Deus em cada pessoa humana, que pungentemente clamava por dignidade, por justiça, por vida. Em cada pessoa sofrida, maltratada, desprezada, excluída,que me procurava,pedindo-me socorro, sentia a presença de Deus.

Em nome do amor ágape, tentei fazer alguma coisa, dentro de minhas possibilidades humanas, para aliviar o sofrimento de tantos filhos e filhas de Deus. O clamor dessa gente humilde apertava meu coração de cristão, de pastor. Minha consciência cristã dizia-me: em nome do Evangelho de Jesus, o libertador, aja em defesa dessa gente abandonada, que clama por socorro.

Transcreverei, literalmente, certas expressões de angústias, de desesperos, que me levaram a assumir uma posição radical de luta em defesa desse povo esmagado em sua dignidade de pessoa humana:

“padre Djacy,faz 40 anos que nós bebemos lama,não temos água”. “Olha, padre, a gente bebe água de cacimbão, salobra, só tem lama e outras coisas.A água não é tratada,seu padre”. “Eita vida sofrida é essa nossa, padre, não temos água pra beber, nem pra cozinhar, nem pra tomar banho. Nosso sofrimento é grande, Ave Maria, meu Deus”!. “A gente se levanta de madrugada pra ir buscar água,quem chegar primeiro pega a água...”. “Em tempo de seca, padre, a gente só não morre de sede porque Deus é pai”. “Água neste lugar não existe, só existe mesmo é sofrimento. Estou cansado de carregar água nas costas, padre”. “Quem tem dinheiro compra água mineral, quem não tem bebe essa água, sei lá,suja”. “A ponte do boi morto caiu, padre, o que vamos fazer, meu Deus?” “Pense num sofrimento é esse nosso? Todo dia atravessar o riacho de canoa”. “Padre, pelo o amor de Deus, vamos lutar pela reconstrução da ponte do boi morto, seu padre”. “Padre Djacy,a gente passa tanta necessidade neste sertão velho.Falta dinheiro pra tudo.O bolsa família não dá pra nada,seu padre”. “padre, me dê uma ajuda para eu comprar alguma coisa pra eu levar pra casa”. “vim pedir ao senhor uma ajuda pra comprar o remédio do meu marido que está doente”. “padre, arrume umas roupas para meus filhos”. “padre, veja se pode me arrumar uma passagem para eu viajar com minha mulher que ta doente”. “Meu marido era pra tomando o remédio desde janeiro, mas não ta tomando porque não tivemos o dinheiro para comprar”. “Padre Djacy,em tempo de seca,a gente comia angu de pau mocó. A gente tinha que lavar as raízes umas dez vezes prá tirar o amargo.Eita vida difícil,essa nossa”. “Padre, faz uns três anos que eu tento fazer minha cirurgia, mas não consigo”. “Ah, padre,a gente é tão humilhado quando chega num posto de saúde ou num hospital.O médico nem olha pra nós”. “É isso mesmo, o pobre só tem valor no dia da eleição. Depois que passa é tratado como bicho do mato”. “Padre, pobre quando adoece é um inferno. Triste do pobre quando adoece” “Padre Djacy,o senhor pode me dar um lata de leite para eu dar para meu bebê?” “Padre, o senhor pode fazer uma campanha para meu filho que vai se operar?” “Padre Djacy,veja se o senhor pode arrumar um trabalho pra meu marido.Lá em casa não tem nada,porque meu marido não tem nem um ganho”.

Para mim, ser pastor cristão implica assumir, peremptoriamente, as mesmas atitudes de Jesus, o pastor maior, que passou a vida fazendo o bem: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

Padre Djacy Brasileiro

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